sexta-feira, 13 de março de 2009

PARABÉNS RECIFE


A CIDADE DE RECIFE FOI FUNDADA EM 12 de março de 1537.Seu nome foi escolhido por causa dos arrecifes - rochedos de coral e arenito formando uma muralha natural que circundam todo seu litoral.Recife é uma cidade linda, com encantos mil, mais que Veneza brasileira, Recife é nossa capital.


Para homenagea-la assim falou, com saudade, Manuel Bandeira

Não sai!
A distância, as vozes macias das meninas politonavam:
Roseira dá-me uma rosa
Craveiro dá-me um botão
Dessas rosas muita rosa
Terá morrido em botão
De repente
nos longos da noite
um sino
Uma pessoa grande dizia:
Fogo em Santo Antônio!
Outra contrariava: São José!
Totônio Rodrigues achava sempre que era são José.
Os homens punham o chapéu saíam fumando
E eu tinha raiva de ser menino porque não podia ir ver o fogo.
Rua da União...
Como eram lindos os montes das ruas da minha infância
Rua do Sol
(Tenho medo que hoje se chame de dr. Fulano de Tal)
Atrás de casa ficava a Rua da Saudade...
...onde se ia fumar escondido
Do lado de lá era o cais da Rua da Aurora...
...onde se ia pescar escondido
Capiberibe- Capiberibe
Lá longe o sertãozinho de Caxangá
Banheiros de palha
Um dia eu vi uma moça nuinha no banho
Fiquei parado, o coração batendo
Ela se riu
Foi o meu primeiro alumbramento
Cheia! As cheias! Barro boi morto árvores destroços redemoinho sumiu
E nos pegões da ponte do trem de ferro
os caboclos destemidos em jangadas de bananeiras
Novenas
Cavalhadas
E eu me deitei no colo da menina e ela começou
a passar a mão nos meus cabelos
Capiberibe- Capiberibe
Rua da União onde todas as tardes passava a preta das bananas
Com o xale vistoso de pano da Costa
E o vendedor de roletes de cana
O de amendoim que se chamava midubim e não era torrado era cozido
Me lembro de todos os pregões:
Ovos frescos e baratos
Dez ovos por uma pataca
Foi há muito tempo...
A vida não me chegava pelos jornais nem pelos livros
Vinha da boca do povo na língua errada do povo
Língua certa do povo
Porque ele é que fala gostoso o português do Brasil
Ao passo que nós
O que fazemos
É macaquear
A sintaxe lusíada
A vida com uma porção de coisas que eu não entendia bem
Terras que não sabia onde ficavam
Recife...
Rua da União...
A casa de meu avô...
Nunca pensei que ela acabasse!
Tudo lá parecia impregnado de eternidade
Recife...
Meu avô morto.
Recife morto, Recife bom, Recife brasileiro
como a casa de meu avô.


Para o REcife Capiba cantou assim:
Recife, cidade lendária
- Capiba

Recife, cidade lendária
De pretos de engenho cheirando a bangüê
Recife dos velhos sobrados
Compridos, escuros, dá gosto de ver

Recife, teus lindos jardins
Recebem a brisa que vem do alto-mar
Recife, teu céu tão bonito
Tem noites de lua pra gente cantar

Recife dos cantadores
Vivendo de glórias em pleno terreiro
Recife dos maracatus
De tempos distantes de Pedro Primeiro

Responde o que eu vou perguntar:
O que é feito dos teus lampiões
Onde outrora o boêmio cantava
As mais lindas canções.


E em seu Pregão turístico do Recife
declarou João Cabral de Melo Neto

Aqui o mar é uma montanha,
regular, redonda e azul
mais alta que os arrecifes
e os mangues rasos ao sul.
Do mar extrair podeis,
do mar desse litoral
um fio de luz precisa,
matematica ou metal
Na cidade propriamente
velhos sobrados esguios
apertam ombros calcários
de cada de lado de um rio
com os sobrados podeis
aprender lição madura
um certo equilíbrio leve
na escrita da arquitetura
E neste rio indigente
sangue e lama que circula
entre cimento e esclero
com sua marcha quase nula
e na gente que se estagna
nas mucosas desse rio
morrendo de apodrecer
vidas inteiras a fio
pódeis aprender que o homem
é sempre a melhor medida
mas, que a medida do homem,
nao é a morte mas a vida.


http://www2.uol.com.br/JC/sites/recifeolinda2008/
http://www2.uol.com.br/JC/aniversario/poesias_rec_4.htm
http://www2.uol.com.br/JC/aniversario/poesias_rec_3.htm
 
Maria Perpétua Teles Monteiro