VOCÊ SABIA?!!!!!!!!!
DIARIO DE PERNAMBUCO
OPINIÃO
Olegária Mariano - legendária mulher pernambucana/Jorge Luís Moura Ex-comandante da PMPE e advogado
A grande história de Pernambuco tem em seu acervo, incontáveis vultos que são verdadeiros ícones, que, pelas suas ações e exemplos deixaram marcas indeléveis nas gerações do passado e do porvir.Todavia, alguns desses são pouco conhecidos da atual geração apesar de em sua época, terem destacadas atuações em prol do povo e da história de Pernambuco.Neste patamar histórico, emerge a imagem emblemática de Olegária da Costa Gama, honorável esposa do grande abolicionista e tribuno pernambucano José Mariano Carneiro Cunha, também conhecida como dona Olegarinha - ou Olegária Mariano.De acordo com a proficiente pesquisadora Semira Adler Vainsencher, do Instituto de Pesquisas Sociais da Fundação Joaquim Nabuco (outro destacado nome da plêiade de ilustres pernambucanos), a recifense e legendária Olegária Mariano, como esposa de José Mariano foi de grande importância para a comunidade maurícia, que "pela sua bondade e dedicação aos escravos, é apelidada de "mãe dos pobres" e "mãe do povo".Olegária sempre apoiava os escravos fugidos, roubados das senzalas, ou alforriados para o Ceará.Muitos deles fugiam em barcaças carregadas de capim e ramagens, as quais passavam defronte da chefatura de polícia, na Rua da Aurora (atual prédio da chefia da Polícia Civil de Pernambuco).O papel de dona Olegarinha foi marcante no final do século XIX, na luta abolicionista, pois, quando José Mariano ficou preso, esta insigne mulher "continuou lutando em prol da abolição da escravatura", cujo exemplo dignificante bem que poderia ter sido enaltecido como uma personagem da recente novela da TV Globo - Sinhá Moça.Mas, este enaltecimento não passou despercebido pelo povo e ocorreu na ocasião de seu falecimento, que assim descreve a pesquisadora Semiira Adler:"No dia 24 de abril de 1898, em decorrência das complicações de uma gripe, morre dona Olegarinha, a amada esposa de José Mariano. Ele se achava no Rio de Janeiro e sequer pôde assistir aos funerais prestados pela população pernambucana. Esta, que a divinizava, se condoeu muito com o fato. Fala-se que foram muitos os pretos que se suicidaram, envenenando-se ou jogando-se no Rio Capibaribe. E a chamada Mãe dos Pobres teve um enterro solene".E acrescenta ainda a mencionada pesquisadora."Após tal dolorosa perda, José Mariano se afasta das lutas políticas. Em 1899, ele é nomeado oficial do registro de títulos, pelo presidente Rodrigues Alves, e também é presenteado com um cartório de títulos e documentos, na Rua do Rosário, no Rio de Janeiro.Infelizmente, não muito tempo depois José Mariano Carneiro Cunha adoece e vem a falecer no dia 8 de junho de 1912. Às expensas do estado, o navio Ceará transportou o corpo embalsamado para o Recife. No estado, foi decretado luto por três dias, e houve uma comoção geral em seu enterro. As pessoas jogavam flores em seu esquife e muitas choravam. Para homenagear esse ilustre abolicionista pernambucano, o periódico A Lanceta publica alguns versos, em sua edição de 12 de junho de 1912, que terminam assim:Chore... Chore o Brasil sua grande desdita.Porque o cedro tombou!Foi erigida em sua homenagem, posteriormente, uma estátua no Poço da Panela, e deram o seu nome, ainda, ao cais que ladeia uma das margens do Rio Capibaribe, no centro do Recife: o Cais José Mariano. Seus contemporâneos, contudo, sempre desejaram que ele fosse lembrado como um excelente orador popular, um grande abolicionista e republicano, e, principalmente, um pernambucano que deu tudo de si ao próximo e à pátria. Todavia, não existe nenhum monumento em homenagem a esta insigne mulher para registrar sua luta em favor da libertação dos escravos, que à luz da verdade histórica, bem que poderia ser erigida sua estátua ao lado do seu venerando esposo, José Mariano, no Poço da Panela, simbolizando a têmpera, dedicação, sacrifício e amor da mulher pernambucana. Meus parabéns, portanto, aos organizadores da festa que será realizada no dia 06 de março, no auditório do TRF da 5ª Região, à frente o jornalista Carlos Cavalcante, que decidiram instituir a Medalha do Mérito Olegária Mariano.Concluindo pelo seu pujante passado, Olegária Mariano foi honra e glória, para seu povo e estado, e paradigma de mulher que mudou a história de Pernambuco como se acha consignada nas estrofes do seu imortal hino;"Liberdade! Um teu filho proclama!Dos escravos o peito se inflama Ante o sol desta Terra da Cruz!"
Disponível em:http://www.fundaj.gov.br/notitia/servlet/newstorm.ns.presentation.NavigationServlet?publicationCode=16&pageCode=851&textCode=7862&date=currentDate
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